Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

20 de abril de 2016

São Paulo: Hino da primeira carta aos Coríntios



Se eu falasse as línguas dos homens e até as dos anjos, mas não  tivesse amor
seria bronze que soa  ou címbalo que tine.

Se tivesse o dom da profecia e conhecesse todos os mistérios e todos
 os saberes, se a minha fé fosse a ponto de mover montanhas, mas não
tivesse amor, eu nada seria.

Se  repartisse pelos pobres tudo quanto tenho, e meu corpo entregasse às labaredas 
mas não tivesse amor, nada ganharia.

O amor paciente, repleto de bondade, o amor que desconhece inveja e não ostenta orgulho,  o amor sem vaidade, que descura o próprio interesse,
e não se irrita e não suspeita mal, o amor que não colhe alegria da injustiça,
mas se alegra com  a verdade;
tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

O amor jamais acabará:

há um tempo em que vacilam as profecias, as línguas emudecem e o saber desaparece 
porque só em parte conhecemos e só em parte profetizamos, mas quando chega a perfeição os limites apagam-se.

Quando eu era criança, falava como criança, sentia como criança, pensava
como criança:
quando me tornei homem abandonei as coisas de criança.

Agora vemos para um espelho, e de maneira obscura, o que depois
veremos face a face.

Agora conheço apenas uma parte, mas então conhecerei conforme
também sou conhecido.

Agora permanecem fé, esperança, amor, todos juntos.

Agora o maior de todos é o amor.




Cultura cristã
São Paulo séc. I
Trad. José Tolentino Mendonça
in Rosa do Mundo – 2001 poemas para o futuro
Editor: Assirio & Alvim
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